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Freitag, 14. Mai 2010

Wortes uber Städte

No Verão de 1580, Montaigne realizou o desejo de toda uma vida e fez a sua primeira viagem fora de França, saindo a cavalo na direcção de Roma via Alemanha, Áustria e Suiça. Viajou na companhia de quatro jovens nobres, incluindo o seu irmão Bertrand de Mattecoulon e de uma dúzia de criados. Tinham planeado estar fora de casa dezasste meses, cobrindo três mil milhas. Entre outras cidades o grupo visitou Basileia, Baden, Schaffhausen, Augsburg, Innsbruck, Verona, Veneza, Pádua, Bolonha, Florença e Siena – chegando finalmente a Roma ao anoitecer do último dia de Novembro de 1580. Enquanto o grupo viajava, Montaigne observava que as ideias das pessoas sobre aquilo que era normal se alteravam acentuadamente de província para província.
Nas estalagens dos cantões suíços pensavam que era normal que as camas estivessem a grande altura do soalho para que fossem necessários degraus para trepar para elas, que deveria haver cortinas atraentes em volta delas e que os viajantes deveriam ter quartos individuais. A algumas milhas de distância, na Alemanha, eram de opinião que era absolutamente normal que as camas estivessem quase ao nível do soalho, não tivessem cortinas em volta delas e que os viajantes deviam dormir aos quatro em cada quarto. Os estalajadeiros ofereciam edredões de penas em vez dos lençóis que se encontravam nas estalagens em França. Em Basileia as pessoas não misturavam a água com o vinho e tinham seis ou sete pratos por refeição, e em Baden, às quartas feiras só comiam peixe. A mais pequena aldeia suíça era guardada pelo menos por dois polícias; os alemães tocam os sinos de quarto em quarto de hora, em algumas cidades de minuto a minuto. Em Lindau serviam sopa de marmelo, o prato de carne era servido antes da sopa, e o pão era feito de funcho.
Os viajantes franceses eram conhecidos por serem muito meticulosos com as diferenças. Em hóteis mantinham-se afastados de aparadores com alimentos estranhos, pedindo sempre os pratos normais que usavam em casa. Evitavam falar com qualquer pessoa que tivesse cometido o erro de não falar a sua própria língua e debicavam cautelosamente o pão de funcho. Montaigne observava sentado à sua mesa:
“Sempre que se encontravam fora das suas aldeias sentiam-se como peixe fora de água. Para onde quer que fossem, agarravam-se aos seus costumes e praguejavam contra os costumes estranhos. Se encontravam alguém da mesma terra festejavam o acontecimento… Com uma prudência desconfiada e taciturna viajavam embrulhados nas suas capas e protegiam-se contra o contágio de um clima desconhecido”

in: O consolo da Filosofia, Alain de Botton, Pub. D-Quixote

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