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Donnerstag, 3. Dezember 2009

seitens der Städte.. LISSABON: José Frederico Bravo de Drummond Ludovice

LISBOA - BELÉM 2009
Foto:G.Ludovice

José Frederico Bravo de Drummond Ludovice
3 Dec 1919 Belém- Lisboa / 19 Spt 2007 - Torres Vedras

ARCHITEKTURE - Sein eigenes Haus:
Lubango

Architektur und Musik
ENTREVISTA
Arquitectura e Música
Texto: Arquitecto José Manuel Fernandes
Recebe-me na sua habitação, com a família, em Sobral de Monte Agraço: é uma casa de amplas vistas sobre uma paisagem estremenha, com os seus característicos montes e vales onde agora os enormes geradores eólicos, substituem os antigos e castiços moinhos a vento.
José Frederico Bravo de Drummond Ludovice nasceu em Belém, Lisboa, a 3.12.1919 e viveu 17 anos na cidade do Lubango, Sul de Angola, onde construiu interessantes e originais obras.

É descendente do famoso arquitecto alemão *Johann Friedrich Ludwig conhecido em Portugal como João Frederico Ludovice (nascido na Baviera em 1670 e falecido em Lisboa em 1752), autor de importantes projectos da época joanina - Convento de Mafra, Palácio de S.Pedro de Alcântara (actual solar do Vinho do Porto), Capela Mor da Sé de Évora).

Formou-se em Arquitectura Escola de Belas Artes de Lisboa em 1953, com o mestre Cristino da Silva, recebendo a classificação de 18 valores com a Tese final sobre um complexo para um Seminário Maior, tema que escolheu por curiosidade e gosto por aprender temáticas diferentes, concebido com desenho moderno e ousado (torre, volumetrias abstractas).
Músico intuitivo, Ludovice concebeu em 1951 o hino "Europa em Marcha", cuja partitura foi adoptada pela NATO em 1952 como "Atlantic Hymn".
Trabalhou depois para a Câmara Municipal de Lisboa, construindo três elegantes pavilhões como equipamentos para parques (dois em Monsanto e dois no parque Silva Porto, em Benfica), com estrutura de betão e pérgolas, dentro do gosto leve e dinâmico dos anos de 1950. Construíu igualmente habitações em Sines, onde trabalhou no Plano de Urbanização da vila.

Com espírito de aventura, Ludovice partiu em 1958 para a cidade de Sá da Bandeira, actual Lubango, onde laborou como professor do Ensino Técnico e Liceal em Desenho, e na secção local da Universidade de Luanda, em matemática, entre 1970 e 1975.
Foi dos poucos arquitectos radicados na região, provendo à concepão de equipamentos e à concepção de planos de Urbanização. (Foi arquitecto privado da Câmara desde 1968).
Ludovice concebeu alguns dos mais originais objectos arquitectónicos do Lubango, os quais viriam a ser emblemáticos da urbe e de seus arredores.
Trata-se de um conjunto coerente de pequenos monumentos modernos, aos quais a sensibilidade fina e «musical» do seu autor, deu um sentido de leveza e alguma espiritualidade, como o Pórtico-Esplanada para a Senhora do Monte (topónimo de origem islenha, lembrando o monte funchalense), de 1962, cuja silhueta dinâmica, em viga de betão curva, nasce de uma geometria regrada em planta:

a entrada pórtico em betão, de sentido estrutural e expressão elegante, para o recinto da Feira, com o respectivo Pavilhão de Exposições – uma obra de conjunto, com desenho de amplo arco encastrado em pilares, que também porticam o Pavilhão;

os Arcos da cidade, no Parque da Senhora do Monte (cuja capelinha votiva também recuperou) e o Monumento ao general João de Almeida,1963:

Na cidade edificou ainda a sua casa própria (moradia onde desenhou tudo, até o mobiliário) e, nos arredores concebeu uma pequena obra mista em betão e madeira, o pavilhão restaurante da Pousada da Leba na Tundavala em 1962 –onde os construtores locais lhe ensinaram o uso dos pilares na resistente madeira regional, cuja seiva era auto-protectora contra os infestantes (utilizada na ampla varanda frontal do edifício).

Trabalhou igualmente em diversos equipamentos e conjuntos industriais e infra-estruturais, no Lubango e em Luanda, como as instalações da Casa Inglesa e as instalações fabris Lupral, ambas no Lubango e a fábrica de montagem de camiões Izuzu, em Luanda. Ainda de referir a concepção das instalações da Mercedes Benz e da Central de Camionagem EVA. No campo infra-estrutural, mencione-se a estação Gare de Serpa Pinto, actual Menonge e os apeadeiros e casas para trabalhadores na linha férrea para Moçâmedes, hoje Namibe.
A concepção, implementação e construção novos centros urbanos era um processo activo nas décadas de 1960-70 em Angola e Moçambique. Ludovice participou amplamente nesta gesta, como urbanista, tendo desenhado os planos urbanísticos para Vila de Santo António do Zaire, actual Soyo, (no extremo Norte do território),Caluquembe, Vila da Ponte, Porto Alexandre, actual Tombua, (na costa Sul de Angola), Quilenges, Matala (antes Vila Paiva Couceiro),Vila Roçadas, hoje Xangongo, (no Sul Interior) e Vila Pereira d´Eça ( actual N´giva ou Ondjiva, (perto da fronteira Sul),Nauila e Humbe – núcleos estes na sua maioria concretizados. Se analisarmos a sua localização geográfica, verificamos constituírem o gérmen de uma autêntica primeira rede proto-urbana em toda a área a Sul da cidade do Lubango, ao longo do Cunene e até ao Cuando-Cubango.
Hoje retirado, tendo escolhido a paisagem do Sobral para residência (ao que diz, pelo que lhe recorda África), Ludovice rememora-nos episódios, personalidades, amigos, toca-nos composições no seu piano. O filho, Leopoldo Ludovice, organizou cuidadosamente a documentação profissional do pai ( além de ter investigado toda a biografia e obra do ascendente, o arquitecto, setecentista) e prepara uma exposição evocativa, numa homenagem em vida que Frederico Ludovice, o afável arquitecto, poeta e músico, bem merece.
Texto:Arquitecto José Manuel Fernandes(Faculdade Belas Artes de Lisboa) 17 Dezembro 2005 Actual/Expresso

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