Kino:G.Ludovice
Thomas Bernhard
9-2-1931, Heerlen, Holanda
12-2-1989, Gmunden, Áustria
Thomas Bernhard, escritor polémico e marginalizado, manteve sempre com seu país adoptivo uma relação de amor e ódio, reflectida também no seu testamento, no qual proibia expressamente a encenação de suas peças teatrais em território austríaco.
Suas obras foram objecto de polémica na Áustria mesmo após sua morte, especialmente seu último trabalho, Heldenplaz (1988), que denuncia o ressentimento anti-semita latente nesse país durante o pós-guerra.
Nos anos 50, dedicou-se à poesia, centrando-se nos temas da morte e da injustiça social, e, a partir dos anos 60, produziu textos teatrais provocadores, como Die Jagdgesellschaft (Grupo de Caça), 1973, nos quais protesta contra o espírito pequeno-burguês. Seus textos autobiográficos reflectem uma infância cheia de problemas.
Thomas Bernhard (TB) é, não só criador de um estilo, mas um dos escritores mais originais do século XX, tanto no domínio da ficção como do teatro. A poesia tem menos relevância no conjunto da sua obra. Autor prolífico, denso, musical - que foi, em simultâneo, uma figura truculenta, polémica, arrogante, elitista, corajosa e lúcida.
Suas obras foram objecto de polémica na Áustria mesmo após sua morte, especialmente seu último trabalho, Heldenplaz (1988), que denuncia o ressentimento anti-semita latente nesse país durante o pós-guerra.
Nos anos 50, dedicou-se à poesia, centrando-se nos temas da morte e da injustiça social, e, a partir dos anos 60, produziu textos teatrais provocadores, como Die Jagdgesellschaft (Grupo de Caça), 1973, nos quais protesta contra o espírito pequeno-burguês. Seus textos autobiográficos reflectem uma infância cheia de problemas.
Thomas Bernhard (TB) é, não só criador de um estilo, mas um dos escritores mais originais do século XX, tanto no domínio da ficção como do teatro. A poesia tem menos relevância no conjunto da sua obra. Autor prolífico, denso, musical - que foi, em simultâneo, uma figura truculenta, polémica, arrogante, elitista, corajosa e lúcida.
Autor de O Sobrinho de Wittgenstein, criou uma obra com uma construção de tipo musical, baseada em temas e variações.
Quando chego a Nathal, pergunto a mim próprio o que é que faço em Nathal, chego a Viena e pergunto a mim próprio o que é que faço em Viena.
E a verdade é que apenas sou feliz quando estou sentado no carro entre o lugar que acabei de deixar e o outro para onde me dirijo, apenas sou feliz no carro e durante a viagem, mas sou o mais o infeliz recém-chegado que se pode imaginar, onde quer que chegue, logo que chego sou infeliz. Sou daquelas pessoas que no fundo não suportam nenhum lugar do mundo e só são felizes entre os lugares de que partiram e para onde se dirigem. Ainda há alguns anos eu acreditava que uma tal fatalidade mórbida teria de conduzir forçosamente, dentro de pouco tempo, a uma loucura total, mas não me conduziu a essa loucura total, preservou-me efectivamente de uma tal loucura, de que tive toda a minha vida o maior pavor.
Thomas Bernhard, O sobrinho de Wittgenstein, uma amizade, Assírio e Alvim, 2000
O escritor de Derrubar Árvores - obra agora lançada pela Assírio com tradução de José António Palma Caetano - gostava de Portugal, opondo-o à sua Áustria natal, sobretudo nas coisas simples. Diz o tradutor: "TB veio várias vezes a Lisboa, a primeira das quais, em 1974, e refere-se--lhe num postal como "cidade magnífica." O autor colocava, no mesmo plano de preferências, o nosso país e a Polónia, tendo deixado fragmentos de uma peça escritos num hotel de Sintra. Não era um conhecedor da literatura portuguesa, mas anotações suas revelam indecisão sobre onde colocar a acção de um livro a publicar: "Açores ou Sicília?" Mais à frente, hesita entre Pirandello e Camões, perdidos entre projectos.
Há inclusive referências a Portugal num livro de entrevistas. O que mais lhe agradava era o mar, a comida, os restaurantes.
E a verdade é que apenas sou feliz quando estou sentado no carro entre o lugar que acabei de deixar e o outro para onde me dirijo, apenas sou feliz no carro e durante a viagem, mas sou o mais o infeliz recém-chegado que se pode imaginar, onde quer que chegue, logo que chego sou infeliz. Sou daquelas pessoas que no fundo não suportam nenhum lugar do mundo e só são felizes entre os lugares de que partiram e para onde se dirigem. Ainda há alguns anos eu acreditava que uma tal fatalidade mórbida teria de conduzir forçosamente, dentro de pouco tempo, a uma loucura total, mas não me conduziu a essa loucura total, preservou-me efectivamente de uma tal loucura, de que tive toda a minha vida o maior pavor.
Thomas Bernhard, O sobrinho de Wittgenstein, uma amizade, Assírio e Alvim, 2000
O escritor de Derrubar Árvores - obra agora lançada pela Assírio com tradução de José António Palma Caetano - gostava de Portugal, opondo-o à sua Áustria natal, sobretudo nas coisas simples. Diz o tradutor: "TB veio várias vezes a Lisboa, a primeira das quais, em 1974, e refere-se--lhe num postal como "cidade magnífica." O autor colocava, no mesmo plano de preferências, o nosso país e a Polónia, tendo deixado fragmentos de uma peça escritos num hotel de Sintra. Não era um conhecedor da literatura portuguesa, mas anotações suas revelam indecisão sobre onde colocar a acção de um livro a publicar: "Açores ou Sicília?" Mais à frente, hesita entre Pirandello e Camões, perdidos entre projectos.
Há inclusive referências a Portugal num livro de entrevistas. O que mais lhe agradava era o mar, a comida, os restaurantes.
Keine Kommentare:
Kommentar veröffentlichen