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Sonntag, 25. Januar 2009

seitens der Städte.. BERLIN: Robert Walser


BERLIN 2008
Kino:G.Ludovice

Robert Walser (Biel- Suiça, 15 de Abril de 1878Herisau, 25 de Dezembro de 1956)

Depois de abandonar a escola, aos 14 anos, trabalhou como empregado de escritório ao mesmo tempo que escrevia poesia. Por razões econômicas, Walser foi obrigado a deixar os estudos para ser aprendiz no Banco do Cantão de Berna. Um professor aconselhou seus pais a lhe enviarem para a formação de escriturário devido sua caligrafia bonita e rápida. Características de sua personalidade que lhe acompanhariam por muitos anos.

Período berlinense
Viveu em Berlim entre 1905 e 1913. Nos primeiros meses de sua chegada fez um curso de formação para criados e trabalhou como tal durante alguns meses num castelo em Dambrau.
A prática serviçal foi tematizada em sua obra e especialmente no livro Jakob von Gunten, de 1909 (mesmo título em português). No começo de 1906 o autor retornou para Berlim, onde trabalhava seu irmão Karl Walser como pintor, ilustrador de livros e cenógrafo. Foi ele quem lhe possibilitou contactos com escritores, editores e artistas.
Durante esse período, além de Jakob von Gunten, publicou Geschwister Tanner (sem tradução para o português) e O Ajudante pela editora Bruno Cassirer.
Também escreveu textos curtos em forma de prosa que foram publicados em respeitados jornais e revistas da época.
Seus textos e esboços literários tornaram-se uma de suas características como escritor e não podem ser enquadrados em nenhuma categoria literária.
Ele tematizava os acontecimentos do quotidiano, onde encontrava a poesia e os segredos da vida. Contemporâneos consagrados como Franz Kafka, Hermann Hesse e Walter Benjamin admiravam seu talento.

O autor nunca teve um endereço fixo. Sempre viveu em quartos mobiliados e mudava constantemente. Entre 1896 e 1905, período em que residiu principalmente em Zurique e escreveu seus primeiros textos literários, mudou-se pelo menos 17 vezes, sem contar as estadias


em Munique, Berlim, Winterthur e outras.
Esse aspecto nômade de sua personalidade, o facto de vir de uma família pobre e trabalhar como escriturário para se sustentar, também contribuíram para que em vida fosse ignorado pelo público.
Seu primeiro livro, publicado em Zurique, em 1904, Fritz Kochers Aufsätze vendeu durante os primeiros seis meses apenas 49 exemplares. Apesar da pouca ressonância, Walser se demitiu do cargo de escriturário no Banco do Cantão de Zurique e foi tentar a vida como escritor em Berlim. Levou uma vida errante e precária.

Publicou o primeiro livro em 1904, As composições de Fritz Kocher.
Escreveu obras magníficas como Os irmãos Tanner (1907), O Ajudante (1908), Jakob von Gunten (1909).

Em 1909 regressou a Biel mas foi acometido de uma depressão profunda e de crises alucinatórias recorrentes. Durante esse período escreveu livros de prosas curtas como O passeio e outras histórias (1917), Vida de poeta (1918) e A rosa (1925).

Quando retornou para a Suíça, morou durante sete anos e meio em um quarto de sótão na ala dos serviçais do hotel Blaues Kreuz em Bienne, sua cidade natal.
Nesse período foi convidado por um círculo literário de Zurique para fazer uma leitura de seus textos. Ao fazer uma preliminar, provavelmente por causa do sotaque do dialecto bernês, um dos organizadores, irritado, exclamou: "O senhor não sabe falar alemão!"
Pagou-lhe então o honorário e pediu a um redactor do tradicional jornal Neue Züricher Zeitung para fazer a leitura. Durante o evento o escritor permaneceu sentado anonimamente entre o público. Como dizia Walser: "Não são nos caminhos rectos e sim nos desvios que se encontra a vida."


O novo empregado
"Certa manhã, às oito horas, um jovem estava diante da porta de uma casa isolada e de bela aparência. Chovia. 'Para mim', pensou o rapaz ali postado, 'é quase um milagre ter nas mãos um guarda-chuva'. O certo é que jamais tivera um guarda-chuva em sua infância. Numa das mãos, estendida verticalmente ao longo do corpo, segurava uma mala marrom, dessas bem baratas. Diante dos olhos desse que aparentemente chegava de viagem, havia uma placa esmaltada em que se lia: K. Tobler, Escritório Técnico. Esperou ainda um instante, como para reflectir sobre qualquer coisa certamente sem nenhuma importância, depois apertou o botão da campainha eléctrica, a qual atendeu uma pessoa, que tudo levava crer ser a criada.
– Sou o novo empregado – disse Joseph, pois esse era o seu nome."
Trecho de O Ajudante

Escreveu os seus últimos livros a lápis numa letra cada vez mais miúda- microgramas, dificílimos de decifrar. O Salteador, escrito em 1925-26, só viria a ser decifrado e publicado em 1972. Em 1933, Robert Walser foi internado numa clínica para doentes psiquiátricos em Herisau, onde passou o resto da vida. Dava longos passeios a pé e não voltou a escrever uma única linha.
"I am not here to write, but to be mad" disse Walser.

A sua obra inclui ainda poemas, ensaios e crónicas. O escritor suíço Robert Walser (1878-1956) foi lido e admirado por contemporâneos notáveis como Robert Musil, Thomas Mann, Hermann Hesse e, sobretudo, Franz Kafka, que se dizia decisivamente influenciado por sua obra. Diferentemente desses autores que o apreciavam, contudo, Walser não ganhou fama universal. Ele se tornou uma espécie de "escritor para escritores", o que não é uma condição justa.

O lançamento de O Ajudante representa uma oportunidade para conhecer uma obra sempre instigante e às vezes genial, que se desdobrou em vários géneros, desde esboços, monólogos e contos fantasiosos até novelas caracterizadas pela ironia amarga, que as transforma numa paródia do romance de formação, o Bildungsroman, marca registrada da literatura de língua alemã desde Goethe.
A trama de O Ajudante é relativamente simples. No início da novela somos apresentados a Joseph, que acaba de ser contratado pelo Sr. Töbler, engenheiro e inventor, para trabalhar em projectos excêntricos, tais como um relógio que veiculará publicidade e uma máquina que fornece pacotes de cartuchos para fuzil. Töbler vive seus sonhos de grandeza, oferecendo festas em sua casa e cortejando possíveis investidores, sem notar os dramas ocultos de sua vida familiar. Os projectos de Töbler não têm êxito. Sua actividade concentra-se principalmente em ditar a Joseph cartas, mesclando súplica e arrogância, aos numerosos credores. Estes perdem a paciência e até a luz é cortada. Por fim, Joseph demite-se e abandona a casa – um desfecho aliás comum nas histórias de Walser, que não raro se encerram com a frase "finalmente, ele partiu". Escrito em 1907, quando Walser tinha 29 anos, O Ajudante tem, como é comum em autores jovens, elementos autobiográficos. A história, no entanto, é universal. Walser fala das desilusões da modernidade. Os mirabolantes projectos de Töbler não representariam a excepção, e sim a regra, e os que neles se engajam, como Joseph, vêem-se condenados à frustração.

A Walser assustava um mundo que constantemente pressiona as pessoas a ter sucesso.

"Eu não quero ter futuro, eu quero ter um presente", disse ele certa vez.

Parte da insegurança expressa nas obras de Walser provavelmente resultava da doença mental que interrompeu sua carreira. Doença para a qual existiam antecedentes familiares: a mãe, esquizofrénica, suicidara-se. O irmão, Ernst, também esquizofrénico, havia morrido num hospital psiquiátrico.

Após um surto depressivo que culminou em uma tentativa de suicídio, Walser internou-se, voluntariamente, numa clínica. De lá o transferiram, agora contra sua vontade, para um hospício. A partir daí, e talvez como um acto de protesto, Walser recusou-se a escrever.

"Estou aqui para ser louco, não para fazer literatura", teria dito. Mas, segundo testemunhos, ele escrevia, sim, em diminutos pedacinhos de papel. O que remete para um outro, e insólito, detalhe no trabalho de Walser. Boa parte de sua obra foi escrita numa caligrafia minúscula, que só podia ser lida por meio de um aparelho óptico. Isso tem um evidente aspecto simbólico: é a expressão de um escritor que "minimizava" o seu próprio trabalho. Trabalhou diversas vezes como escriturário para ganhar seu sustento, pois nunca pode viver de sua literatura. A caligrafia tornou-se uma de suas principais características. O escritor desenvolveu uma técnica para seus manuscritos que posteriormente foram chamados de microgramas. Grande parte de sua obra foi escrita com lápis sobre sacos de papel, em caligrafia que às vezes tinha somente um milímetro de altura.
Seus microgramas pareciam indecifráveis. Entretanto descobriu-se que a letra era uma miniaturização da escrita gótica alemã. Após 19 anos de trabalho, diversos especialistas puderam decifrar 526 páginas manuscritas que totalizaram mais de 4500 páginas de texto. Seus manuscritos são considerados os mais raros e caros do mercado

Walser permaneceu no hospício até morrer, em 1956. "Um dia eu serei um zero", afirma o personagem de outra de suas novelas, Jakob von Gunten. "Um bem redondo e fascinante zero." A doença pode ter aniquilado o homem, mas não destruiu a obra de Robert Walser.
Era 25 de dezembro e o escritor fazia mais uma de suas rotineiras caminhadas solitárias quando sofreu um ataque do coração, aos 78 anos de idade.

Os últimos 27 anos de sua vida foram vividos em duas clínicas psiquiátricas onde emudeceu como autor.
Os únicos pertences do escritor eram um relógio, dois livros que seu tutor, o jornalista Carl Seelig, lhe havia dado de presente, alguns trocados e a roupa que trazia no corpo.
Toda a sua obra foi resgatada postumamente através de pesquisas iniciadas por Seelig, um de seus grandes admiradores. Ele assumira a responsabilidade da conduta legal do escritor em 1944, quando a última irmã de Walser falecera.

I would wish it on no one to be me.Only I am capable of bearing myself.To know so much, to have seen so much, andTo say nothing, just about nothing.

Em Portugal (um século depois) foram publicados 5 livros:

Branca de neve, A Bela Adormecida e A Gata Borralheira, &etc, 2000, O passeio e outras histórias; Granito Editores e Livreiros, 2001, O Salteador, Relógio D’Água, 2003; A Rosa, Relógio D’Água, 2004; Jakob Von Gunten- Um diário, Relógio D’Água, 2005 e O Ajudante, Relógio D'Água, 2006.










Discurso de Vila Matas sobre Robert Walser


Homenagem na Alemanha

Há quase 50 anos, quando o escritor suíço Robert Walser foi encontrado morto sobre a neve de um dos jardins da cidade de Herisau, próxima a St. Gallen, na Suíça, ninguém poderia imaginar que décadas mais tarde sua obra fosse considerada como uma das referências literárias européias dos séculos XX e XXI, sendo traduzidas para dezenas de idiomas.
A Casa Literária de Berlim (Literaturhaus Berlin) apresentou até o dia 18 de novembro 2008 uma exposição e eventos diversos em homenagem ao autor que viveu mais de doze anos na Alemanha.

Robert Walser (retrato na exposição da Litearturhaus Berlin)


im:Blogues: Um buraco na sombra; Veja On-ine; Swissinfo.ch;



Sehnsucht nach einem Dolch (composição em 1917, manuscrito sem título)
" Um rapaz e uma rapariga, gente jovem a valer dos nossos tempos. Oskar e Emma de seu nome, amavam-se. Era profundo o seu amor, e ninguém duvidava menos e acreditava com mais fervor neste facto do que eles próprios. Até aqui tudo seria perfeito, só que havia qualquer coisa que lhes faltava, e vamos já dizer o que era esta qualquer coisa estranha e fabulosa que lhes faltava. Ninguém, para onde quer que olhassem, os impedia. Tinham licença, por assim dizer, para se amarem, beijarem, beijocarem e explorarem, sempre que para tal tivessem vontade. Mas era precisamente esse o problema: na ausência de entraves, cada vez menos tinham vontade de se dedicar a esta edificante ocupação. Se alguém viesse intrometer-se e os proibisse de trabalhar, a vontade deles seria tanto mais forte. Os dois bons e excelentes jovens adoeciam por virtude de uma abundância de liberdade, e os seus suspiros tinham por motivo uma falta de obstáculos. Pois a ambição deles, é preciso que se saiba, era a novela italiana, e como é do conhecimento comum as novelas italianas contam a história de amantes que se amam tão fogosamente, tão intimamente e com tão grande paixão apenas porque não devem. Oskar e Emma, entre outras coisas, não tinham sequer pais cruéis e casmurros. Faltava-lhes também o vilão que à noite espreita vilmente por detrás de um arbusto. Sim, é verdade, não tinham sequer um vilão, o inimigo do amor, sempre terrivelmente desconfiado. Mas tinham consciência de todas estas falhas e afligiam-se muito com elas. Ó triste era moderna, quadrangular e abstémia, ó indigna época das companhias aéreas e das viagens à volta do mundo, agora bem vês como às tuas mãos sofrem todos os amantes ávidos de aventuras. O amor de Oskar e Emma morria aos poucos, e porquê? Exacto, por não haver perigo. Ninguém os ameaçava, ninguém lhes fazia frente, e assim começavam a adormecer no cumprimento da sua actividade. Sempre que a actividade é concedida às cegas e sem mais, depressa começa a aborrecer e a retrair os movimentos. É esta a terrível anedota dos tempos em que estamos condenados a viver: tudo é permitido. Mas quando tudo é tão vilmente permitido, quando os amantes podem abraçar-se à vontade, sem que um deles tenha de olhar à sua volta, cheio de receio e sofrimento, para ver se algum perigo se abate sobre eles, tal implica a impossibilidade da novela italiana. Oskar e Emma queriam fazer uma novela, mas ela não singrava, começava a soçobrar. O estilo torna-se flácido. Querer criar uma novela genuína na ausência de qualquer perigo: eis um princípio pouco auspicioso. Os perigos são afinal as veias e os impedimentos são a vida de uma novela. E já não há impedimentos neste mundo sem carácter nem orgulho, incapaz mesmo de alimentar um nobre preconceito. As crianças podem vir ao mundo quando bem entenderem, antes ou depois do laço sagrado. Oskar e Emma bem o sabiam, e uma enorme angústia fincava garras nos seus jovens corações. Os pais deles eram gente sem preconceitos, oh miséria. Mas, na ausência de preconceitos, a novela é impossível. As novelas só podem singrar no terreno selvagem e precioso dos preconceitos arreigados. Onde haja alguém que seja indiferente, e onde não haja ninguém que não seja indiferente, também não pode haver histórias de amor. Nas antigas novelas italianas, ninguém é indiferente, e é por isso, é por isso que Oskar e Emma teriam preferido morrer. Mas morrer não é assim tão fácil na ausência de um punhal que peça para ser desembainhado. Oskar e Emma quase que morrem de saudades de um punhal."
In: Histórias de Amor, Robert Walser,
Relógio D'Água, 2008

Samstag, 24. Januar 2009

seitens der Städte.. LONDON: Oscar Wilde

LONDON 2008
Kino:G.Ludovice

Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde

É Absurdo Falar da Ignorância da Juventude
Para recuperar a minha juventude era capaz de fazer tudo no mundo, excepto ginástica, levantar-me cedo, ou ser respeitável. A Juventude! Não há nada que se lhe compare. É absurdo falar da ignorância da juventude. Hoje em dia só tenho algum respeito pelas opiniões das pessoas muito mais novas do que eu. Parecem-me estar à minha frente. A vida revelou-lhes a sua última maravilha. Quanto aos velhos, contradigo-os sempre. É uma questão de princípio. Se lhe pedirmos opinião sobre uma coisa que aconteceu ontem, eles dão-nos solenemente as opiniões correntes em 1820, quando as pessoas usavam golas altas, acreditavam em tudo e não sabiam absolutamente nada.
in "O Retrato de Dorian Gray"

Criado numa família protestante, estudou na Portora Royal School de Enniskillen e no Trinity College de Dublin, onde sobressaiu como latinista e helenista. Ganhou depois uma bolsa de estudos para o Magdalene College de Oxford.
Wilde saiu de Oxford em 1878. Um pouco antes havia ganhado o prémio "Newdigate" com o poema "Ravenna".
Passou a morar em Londres e começou a ter uma vida social bastante agitada, sendo logo caracterizado pelas atitudes extravagantes.
Foi convidado para ir aos Estados Unidos a fim de dar uma série de palestras sobre o movimento estético por ele fundado, o esteticismo, ou dandismo, que defendia, a partir de fundamentos históricos, o belo como antídoto para os horrores da sociedade industrial, sendo ele mesmo um dandi.
Em 1883, vai para Paris e entra para o mundo literário local, o que o leva a abandonar seu movimento estético. Volta para a Inglaterra e casa-se com Constance Lloyd, filha de um rico advogado de Dublin, indo morar em Chelsea, um bairro de artistas londrinos. Com Constance teve dois filhos, Cyril, em 1885 e Vyvyan, em 1886. O melhor período intelectual de Oscar Wilde é o que vai de 1887 a 1895.




Quem Poderá Calcular a Órbita da sua Própria Alma?
As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem. Não podem saber. Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?
in 'De Profundis'

Em 1892, começa uma série de bem sucedidas comédias, hoje clássicos da dramaturgia britânica: O Leque de Lady Windernere (1892), Uma mulher sem importância (1893), Um marido ideal e A importância de ser fervoroso,(ambas de 1895). Nesta última, o ar cómico começa pelo título ambíguo: Earnest, "fervoroso" em inglês, tem o mesmo som de Ernest, nome próprio
Publica contos como O Príncipe Feliz e O rouxinol e a rosa (que escrevera para os seus filhos) e O crime de Lord Artur Saville.
O seu único romance foi O retrato de Dorian Gray.
A situação financeira de Wilde começou a melhorar cada vez mais, e, com ela, conquista uma fama cada vez maior. O sucesso literário foi acompanhado de uma vida cada vez mais mundana. As atitudes tornaram-se cada vez mais excêntricas.
Em Maio de 1895, após três julgamentos, foi condenado a dois anos de prisão, com trabalhos forçados, por homosexualidade.

Wilde escreveu uma denúncia contra um jovem chamado Bosie, publicada no livro De Profundis, acusando-o de tê-lo arruinado. Bosie era o apelido de Lorde Alfred Douglas, um dos homens de que se suspeitava que Wilde fosse amante. Foi o pai de Bosie, o Marquês de Queensberry, que levou Oscar Wilde ao tribunal. No terrível período da prisão, Wilde redigiu uma longa carta a Douglas.

A imaginação como fruto do amor é uma das armas que Wilde utiliza para conseguir sobreviver nas condições terríveis da prisão. Apesar das críticas severas a Douglas, ele ainda alimenta o amor dentro de si como estratégia de sobrevivência. A imaginação, a beleza e a arte estão presentes na obra de Wilde.
Após a condenação a vida mudou radicalmente e o talentoso escritor viu, no cárcere, serem consumidas a saúde e a reputação. No presídio, o autor de Salomé (1893) produziu, entre outros escritos, De Profundis, o clássico anarquista, A alma do homem sob o socialismo e a célebre Balada do cárcere de Reading.

Foi libertado em 19 de maio de 1897. Poucos amigos o esperavam na saída, entre eles o maior, Robert Ross.

Passou a morar em Paris e a usar o pseudónimo Sebastian Melmoth. As roupas tornaram-se mais simples, e o escritor morava em um lugar humilde, de apenas dois quartos. A produtividade literária é pequena.
O facto histórico de seu sucesso ter sido arruinado pelo Lord Alfred Douglas (Bosie) tornou-lhe ainda mais culto e filosófico, sempre defendendo o amor que não ousa dizer o nome, definição sobre a homossexualidade, como forma de mais perfeita afeição e amor.

Oscar Wilde morreu de um violento ataque de meningite (agravado pelo álcool e pela sífilis) às 9h50min do dia 30 de novembro de 1900.
Em seu leito de morte Oscar Wilde foi aceito pela Santa Igreja Católica Romana e Robert Ross, em sua carta para More Adey (datada de 14 de Dezembro de 1900), disse "Ele estava consciente de que havia pessoas presentes, e levantou sua mão quando pedi, mostrando entendimento. Ele apertou nossas mãos. Eu então fui enviado em busca de um padre, e depois de grande dificuldade encontrei o Padre Cuthbert Dunne, que foi comigo e administrou o Baptismo e a Extrema Unção - Oscar não pode tomar a Eucaristia".
Wilde foi enterrado no Cemitério de Bagneux fora de Paris, porém mais tarde foi movido para o Cemitério de Père Lachaise em Paris. Sua tumba em Père Lachaise foi feita pelo escultor Sir Jacob Epstein, a requisição de Robert Ross, que também pediu um pequeno compartimento para seus próprios restos. Seus restos foram transferidos para a tumba em 1950.

Loucos e Santos
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Wilde foi grande porque conseguiu escrever para todos as formas de expressões em palavras. Embora pouco conhecido em algumas, mesmo assim, escreveu para elas.

Em seu único romance, O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde trata da arte, da vaidade e das manipulações humanas. Aliás, é considerado por muitos de seus leitores, como a maior obra-prima, sendo rica em diálogos.
A Imoralidade da Moral
A discórdia é sermos obrigados a estar em harmonia com os outros. A nossa própria vida é o que há de mais importante. Agora, se quisermos ser pedantes ou puritanos, podemos tecer as nossas considerações morais sobre a vida dos outros, mas estas não nos dizem respeito. Para além disso, o individualismo é realmente o mais elevado dos ideais. A moralidade moderna consiste na aceitação dos modelos da nossa época. Julgo que aceitar o modelo da nossa época será, para qualquer homem culto, a mais crassa das imorallidades
.
in "O Retrato de Dorian Gray"

Já em novelas escritas por ele, como a maioria de todos seus escritos, Wilde criticava o patriotismo da sociedade. Isso fica claro na novela O Fantasma de Canterville.
Em seus contos infantis sempre tratou da criança que vive em cada um de nós, com lições de moral na mais bela e pura forma com linguagens simples. O Filho da Estrela é exemplo disso.
No teatro, escreveu nove dramas, que inclusive fizeram sucesso na época.
Wilde poeta usou a poesia simplesmente talvez para ampliar a sensibilidade para as artes, embora não seja muito conhecido nesse campo. É recomendado ler Rosa Mystica, Flores de Ouro.

A Doce Incerteza do Romance
Não vejo nada de romântico numa proposta de noivado. É certo que é romântico uma pessoa estar apaixonada. Mas numa proposta concreta não há romance nenhum; podemos até vir a ser aceites, e na grande maioria dos casos é isso que acontece, segundo creio, cessando nesse momento qualquer excitação. A própria essência do romance é a incerteza. Se algum dia me casar, farei tudo para me esquecer desse facto.
in 'A Importância de se Chamar Ernesto'


Cronologia
1874- Ganha a medalha de Ouro de Berkeley por seu trabalho em grego sobre os poetas helenos no Trinity College.
1876- Ganha o prémio em literatura grega e latina, no Magdalen College. Publica a primeira poesia, versão de uma passagem de As Nuvens de Aristófanes, intitulada O coro das Virgens das Nuvens.
1878- Ganha o prémio Newizgate, com seu poema Ravenna, escrito em março desse ano.
1879- Phèdre, sob o título A Sara Bernhardt, é publicado no The Word.
1880- Escreve o drama em cinco actos Vera, ou Os Niilistas, sobre o niilismo na Rússia.
1881- Publica em Julho a primeira edição de Poemas, coligidos por David Bogue.
1883- Em Paris termina sua tragédia A Duquesa de Pádua.
1887-89- Trabalha como editor de The Woman's World.
1888- Publica O Príncipe Feliz e Outras Histórias, contos de fadas.
1889- Publica O Retrato do Sr. W.H., baseado no mistério criado em torno do protagonista e do autor dos Sonetos de Shakespeare, sendo recebido de forma hostil pela crítica.
1890- A primeira versão de O Retrato de Dorian Gray é publicada no Lippincott's Monthly Magazine.
1891- O ensaio A Alma do Homem sob o Socialismo é publicado no The Fortnightly Review. Publica a versão revisada de O Retrato de Dorian Gray. Também publica Intentions, Lord Arthur Savile's Crime and Other Stories e A house of Pomegranates.
1892- Estréia com grande sucesso no St. James Theatre, de Londres, O Leque de Lady Windermere. Sarah Bernhardt ensaia em Londres Salomé, peça em um ato escrita em francês, sobre a morte de São João Baptista, cuja estreia, à última hora, é proibida por apresentar personagens bíblicos.
1893- Salomé é bem recebida quando produzida em Paris e Berlim. Uma mulher sem importância é montada em Londres, também com êxito, e O Leque de Lady Windermere é publicado.
1894- Edição de Salomé em Londres, com ilustrações do desenhista Audrey Bearsdley. Publica Uma Mulher sem importância e o poema A Esfinge que não obteve sucesso.
1895- As peças Um marido ideal e A Importância de ser fervoroso são montadas em Londres com êxito total. Em 27 de maio deste ano Oscar Wilde é preso, primeiro na Prisão de Pentoville, depois na de Wandsworth. Ainda em maio, o ensaio A Alma do Homem sob o Socialismo é publicado em livro. A 13 de novembro é transferido para a Prisão de Reading, na cidade do mesmo nome, onde ficará até o final da sentença.

1896- Salomé é representada em Paris, tendo Sarah Bernhardt no papel principal. Em 7 de julho é executado na Prisão de Reading o ex-sargento Charles T. Woolridge, cuja morte inspira Oscar Wilde ao seu maravilhoso poema A Balada do Cárcere de Reading.
1897- Ainda na prisão, Oscar Wilde escreve De Profundis, uma longa carta a Lorde Douglas.
Sai da Prisão e em 28 de maio, aparece no Daily Chronicle, a primeira carta sobre o regime penitenciário britânico, sob o título O Caso do Guarda Martin.
1898- Publica A Balada do Cárcere de Reading e escreve outra longa carta ao Daily Chronicle sobre as condições carcerárias.
1899- A Importância de Ser Fervoroso e Um marido ideal são publicados em livro.
1900- Em 30 de novembro morre Oscar Wilde vítima de meningite.

Teleny, ou o reverso da medalha (Teleny, or The Reverse Side of the Medal), 1883, autor anónimo, mas atribuído a Oscar Wilde.
Filmes baseados em algumas obras de Oscar Wilde:
An Ideal Husband (1999)
The Importance of Being Earnest (1952)
The Picture of Dorian Gray (1945)
A Liga Extraordinária (2003)
Dorian Gray - Pacto com o Diabo (2001)
Filme baseado em sua vida:
Wilde (1997)
Im:Wikipédia

Samstag, 17. Januar 2009

seitens der Städte.. BERLIN: Lou Salomé

BERLIN 2008
Kino:G.Ludovice
Lou e Rée viveram juntos como irmãos em Berlim. Lou e Rilke viveram como amantes nos arredores de Berlim.


Louise von Salomé nasceu em São Petersburgo, Rússia, em 12 de Fevereiro de 1861

Foi a sexta criança da família e a primeira menina. Lou cresceu num lar harmonioso, onde aprendeu a amar e compreender. O pai, general Gustav von Salomé, era oficial do czar russo. Extremamente afectuoso, exercia a autoridade paterna com amor. Capaz de pequenas manifestações de ternura, como voltar das recepções promovidas pelo czar trazendo bombons para os filhos.

Lou considerava o pai como o "primeiro modelo de Deus". A mãe, senhora Louise Wilm von Salomé, era uma pessoa doce, profundamente religiosa e dedicada à família, com grande capacidade de resolução e dona de um temperamento independente. Os pais amavam-se muito e o respeito mútuo imperava. Quando a filha nasceu, o general achou natural colocar o nome da esposa, o "nome mais belo do mundo". Lou via na mãe uma concorrente ao amor do pai. Considerada rebelde e voluntariosa, frequentemente chocava-se com a autoridade materna, situação que perdurou durante toda a vida.

Outra presença marcante na infância de Lou: Deus. Era o Amigo invisível, auxílio e protecção.
"Eu não falava só de mim a Deus, de noite, no escuro: eu lhe contava, generosamente e sem ser convidada a isso, histórias inteiras. Essas histórias eram bem especiais. Elas provinham, parece-me, da necessidade que eu experimentava, de fazer o bom Deus participar do mundo exterior, tão presente ao lado de nosso mundo secreto; realidade da qual esta extraordinária relação me separava mais do que fixava solidamente. Não era, pois, por acaso que eu tirava dos acontecimentos reais a matéria de minhas histórias, dos encontros com pessoas, com animais, com objectos; Ter Deus como ouvinte bastava para assegurar-lhes um carácter feérico, que eu não precisava assinalar; tratava-se, ao contrário, de se convencer com precisão da realidade. Claro, eu não podia contar nada que Deus, em sua ciência e poder infinitos, já não o soubesse; mas era justamente o que garantia a meus olhos a realidade indubitável de minhas histórias, e era por isso que, não sem satisfação, eu começava sempre por essas palavras: Como tu sabes..."

Mas, no momento em que Lou se convenceu de que podia dirigir a sua vida sem a ajuda do grande Amigo, ela o abandonou. Isso tornou-a mais dura, mais exigente consigo mesma, mais autodisciplinada. Lou acreditava ter perdido a fé já há algum tempo, quando ouviu a pregação do pastor protestante Hendrik Gillot. As palavras ouvidas reflectiam os pensamentos da adolescente, que procurou por ele. A vontade de aprender, o espírito curioso de Lou despertaram a atenção de Gillot, que lhe ensinou matérias que não eram oferecidas tradicionalmente nas escolas: filosofia, lógica, teoria do conhecimento, metafísica, teologia. Ensinou também literatura francesa e filosofia alemã. Aconselhou-a a ler Descartes, Pascal, Voltaire, Rousseau e Kant, dentre outros.Nessa época, o pai faleceu. A mãe tentou em vão interromper a formação intelectual de Lou conduzida pelo pastor considerado excessivamente liberal. Parecia até que estava adivinhando o final da história. Um tempo depois, Gillot, casado, pai de duas filhas que regulavam idade com Lou, declarou-se para a adolescente, pedindo-a em casamento. Lou ficou chocada. Afinal, via-o quase como um sósia de Deus.

"O que eu havia adorado desertou, de uma vez, de meu coração e meu espírito, e se tornou estrangeiro para mim. Sentir algo que possuía exigências próprias, e não se contentava apenas com realizar as minhas, mas, ao contrário, as ameaçava e buscava mesmo desviar do caminho recto os esforços que eu fazia para me encontrar, e pelo qual ele era responsável. Era realmente um outro homem que estava diante de mim; um homem que eu tinha divinizado e que, sob esse véu, eu não tinha podido perceber claramente."

Lou optou por renunciar aos encontros com Gillot, apesar de continuar considerando-o um grande amigo.Aos 19 anos, Lou deixou São Petersburgo, levando consigo sua fome de conhecimento. Após breve passagem por Zurique, onde o clima não favoreceu sua saúde, mudou-se para Roma. Munida de uma carta de recomendação, procurou Malwida von Maysenburg, uma mulher extraordinária, que abrira mão de títulos de nobreza para dedicar-se à "ajudar a emancipar a mulher dos limites que a sociedade lhe impôs".
A feminista simpatizou de imediato com Lou, reconhecendo-se nela quando jovem. Lendo os poemas que Lou lhe mostrou, comentou: "Grandes tarefas a esperam, falaremos disso muitas outras vezes".
Na casa de Malwida, Lou conheceu Paul Rée, que lhe causou certa impressão.

Paul Rée tinha 32 anos, era filósofo e já havia publicado três livros. Rée assistiu alguns cursos de Nietzsche, de quem tornou-se grande amigo.A primeira conversa entre os Paul Rée e Lou foi definitiva para o início dos laços de amizade. Depois desta, várias outras aconteceram na casa de Malwida e em passeios pelas ruas desertas de Roma, sob a luz do luar.

O sentimento que ligou Rée a Lou não demorou a se transformar em amor. Mas, unilateral. Lou admirava Paul Rée. Tinha até um plano ousado para a época – passarem a morar juntos, como amigos. Nada mais do que amizade.Esse plano, é claro, encontrou a oposição da mãe de Lou e até mesmo de Malwida, que expôs que tal acontecimento daria lugar a comentários que atingiriam a reputação da jovem. Malwida reafirmou sua confiança na amiga, na sua capacidade de discernimento, na pureza de seus propósitos. Mas, advertiu que era preciso não dar ao mundo este tipo de armas, era preciso não dar ao mundo o direito de se enganar a nosso respeito. Rée e Malwida haviam escrito para Nietzsche sobre a nova amiga. Ambos a descreveram com grande estusiasmo. Rée convidou o amigo para ir até Roma com o objectivo de conhecer Lou e acrescentou que pensavam em organizar uma comunidade, onde os três estariam juntos.Nietzsche aquiesceu. Chegou à Roma de surpresa e Malwida indicou o provável local onde acharia os amigos – uma pequena capela anexa à catedral de São Pedro. Era ali que os dois encontravam tranquilidade para estudar. Nietzsche aproximou-se do casal, absorto em suas leituras, estendeu a mão em direcção a Lou e perguntou: "De que estrelas caímos nós para nos encontrar aqui?".
Desde esse primeiro encontro, a ideia da Santa Trindade tomou corpo. Pensaram em instalar-se em Viena. Depois, acharam que Paris seria melhor. Só que algo aconteceu, ameaçando o futuro da Santa Trindade: Nietzsche também apaixonou-se por Lou e foi tomado pela ideia de desposá-la. Preocupados em não chocar o amigo, cuja saúde era frágil, Paul Rée, orientado por Lou, contou a Nietzsche que Lou tinha aversão pelo casamento. Além disso, havia o problema financeiro. Lou recebia uma pensão do governo russo após a morte do pai, à qual perderia o direito após um casamento.

Como Nietzsche não tinha boas condições financeiras, esse argumento acalmou seus propósitos, sem, no entanto, eliminá-los.Em fins de Abril de 1882, Lou e a mãe viajaram para o norte da Itália. Nietzsche e Rée foram encontrá-las em Milão e juntos foram para a região dos Alpes. Num final de tarde, depois de um passeio, Nietzsche teve finalmente a chance de ficar à sós com Lou, enquanto a senhora Salomé e Rée descansavam no hotel. Os dois decidiram fazer uma caminhada até o Monte Sacro, uma colina encantadora de 915 metros. O passeio durou bem mais que a uma hora prevista. O que aconteceu durante o passeio foi mantido em segredo. Nietzsche escreveu para Lou: "eu devo a você o sonho mais bonito de minha vida". E Lou disse anos depois: "não me lembro se beijei Nietzsche em Monte Sacro".

Pouco depois, os quatro se separaram. A senhora Salomé, a filha e Paul Rée foram para Locarno e Nietzsche visitou os amigos Overbeck em Bâle. Os amigos ficaram surpresos com a boa forma do filósofo. Viam-no sempre em crises e dessa vez mostrou-se conversado, feliz e confiante.

O grupo encontrou-se novamente em Lucerne, onde os três amigos tiraram uma fotografia que ficou bastante famosa. Nela Lou estava sentada numa charrete segurando um chicote, enquanto os amigos estavam na frente da charrete, presos à mão de Lou através de cordas.

Nessa ocasião, Nietzsche propôs casamento para Lou, que rejeitou prontamente a idéia. Mais uma vez, o grupo separou-se. Lou viajou para Berlim com o irmão mais novo. Rée foi para a propriedade da família em Stibbe, na Prússia Ocidental. Por sua vez, Nietzsche, após breve passagem por Bâle, oportunidade em que os Overbeck constataram o seu desespero, foi para a casa de sua família em Naumburg.A correspondência entre os amigos ficou mais intensa nesse período. As cartas de Rée para Lou exprimiam seu imenso carinho, evidenciando o grande amor que sentia. Nietzsche era mais reservado com relação aos sentimentos, tentando esconder a tristeza que a distância de Lou lhe causava e o abatimento que a recusa da amada lhe causou. Lou era sempre a mesma: espontânea, despreocupada, com sede de viver, deixando-se amar. Lou foi passar o verão em Stibbe, devidamente escudada pela mãe de Rée. Lá os amigos passaram dias felizes, fortalecendo a amizade entre os dois.
Em julho, Lou deixou Stibbe e se dirigiu para Bayreuth, onde Malwida a esperava para juntas assistirem ao festival.

Lá encontrou pela primeira vez a irmã de Nietzsche, com quem já trocara algumas cartas. Elizabeth Nietzsche era uma bela mulher de 36 anos. Protestante rígida, ficou chocada com a liberdade de pensamento de Lou, sua preferência pela companhia masculina, seu sucesso junto aos homens. Já não gostava de Lou, antes mesmo de conhecê-la, pois sentia ciúmes do irmão. Apesar disso, viajou com Lou para Tautenburgo, onde Nietzsche passava o verão. Mas, estava disposta a proteger o irmão da mulher "imprópria". A cada dia, Elizabeth se escandalizava mais com Lou: como uma mulher podia falar tão abertamente sobre Deus, sexo, moral? Além disso, desaprovava os longos passeios que fazia com Nietzsche pela floresta e o fato do irmão permanecer no quarto de Lou até tarde.Nietzsche, mesmo sentindo a tensão ao redor, estava muito feliz.
Jamais conversara com tanta profundidade sobre todos aqueles assuntos que o interessavam com uma mulher, ainda mais uma mulher jovem e bela. Queria transformá-la em sua discípula, queria que Lou pudesse ser a herdeira de suas ideias.

Quanto a Lou, encontrava-se totalmente atraída, mas não pelo homem, somente pelo filósofo, que alimentava a sua fome de saber. Ela não se preocupava com o mal que poderia estar causando ou vir a causar a uma pessoa extremamente sensível. Nas cartas que escrevia a Rée, além de contar o dia a dia, analisava a comunhão espiritual e intelectual que descobrira ter com Nietzsche.A estada de Lou em Tautenburgo provocou um rompimento entre os irmãos Nietzsche, o qual Elizabeth fez questão de tornar público. Escreveu para os amigos do irmão longas cartas denegrindo a imagem de Lou, distorcendo fatos, criticando, julgando.
Ao deixar Tautenburgo, Lou entregou a Nietzsche um poema que havia escrito meses antes. Este texto foi musicado pelo filósofo.
Claro, como se ama um amigo
Eu te amo, vida enigmática –
Que me tenhas feito exultar ou chorar,
Que me tenhas trazido felicidade ou sofrimento,
Amo-te com toda a tua crueldade,
E se deves me aniquilar,
Eu me arrancarei de teus braços
Como alguém se arranca do seio de um amigo.
Com todas as minhas forças te aperto!
Que tuas chamas me devorem,
No fogo do combate, permite-me
Sondar mais longe teu mistério.
Ser, pensar durante milénios!
Encerra-me em teus dois braços:
Se não tens mais alegria a me ofertar
Pois bem – restam-te teus tormentos.


Lou retornou para Stibbe para passar o outono com a família Rée. Os amigos trocavam correspondências com Nietzsche, pois estavam preocupados com os reflexos das desavenças com a irmã em seu espírito.Os três encontraram-se novamente em Leipzig. No começo, tudo corria bem, apesar do clima não ser exactamente o mesmo de outrora. Cada um deles trabalhava em algum projecto. Lou fazia um estudo sobre a história das religiões, que Nietzsche lia e comentava. Ele a achava "um pequeno génio" e ficava feliz em colaborar com o trabalho. Depois, Nietzsche começou a tecer duras críticas ao rival. Pouco a pouco, Lou foi perdendo o encanto pelo filósofo.Assim, Lou e Rée partiram para Paris, onde passaram a dividir a mesma casa, sempre como amigos, contrariando as expectativas de Rée, a quem Lou via como um irmão. Nietzsche escreveu várias cartas mostrando a sua amargura e revolta, nas quais falava sobre um possível suicídio.
"Como sua amizade é mirrada, ao lado da do amigo Rée! Como você é desmunida de respeito, de gratidão, de piedade, de polidez, de admiração – pudor – sem falar de coisas mais elevadas. Que responderia se eu lhe perguntasse: você é corajosa? É incapaz de traição? Não tem consciência de que um homem como eu, junto de você, deve fazer grandes esforços sobre si mesmo? Eu poderia facilitar as coisas em minhas relações com você: mas já fiz muito esforço sobre mim mesmo, com relação a muitas coisas, e me acredito ainda capaz disto: lhe ser útil, mesmo se você me prejudica. Você tem em mim o melhor dos advogados, mas também o mais impenitente dos juízes. Quero que você julgue a si própria e fixe, você mesma, seu castigo. Minha cara Lou, tome cuidado! Se eu afasto você de mim agora, será uma terrível censura de todo o seu ser! Você esteve em contacto com um dos homens mais indulgentes e mais bem intencionados: mas note bem que o nojo é para mim um argumento suficiente contra todos os pequenos egoístas e todos os pequenos fruidores. Sou vencido pelo nojo mais facilmente do que as pessoas o crêem. Mude de opinião, volte a você mesma! Nunca me enganei sobre ninguém: e há em você esta aspiração a um egoísmo sagrado que é uma aspiração à obediência com relação ao que há de mais alto – e você a confundiu, em razão de não sei que maldição, com seu contrário, o apetite ladrão do gato, da vida unicamente pelo amor da vida. Quem poderá ainda frequentar você, se você solta o freio a todos os traços mesquinhos de sua natureza! Você prejudicou, você fez mal – não somente a mim mas a todos os que me amavam – esta espada está suspensa acima de sua cabeça."

Elizabeth Nietzsche, sabendo do sofrimento do irmão, retomou sua campanha contra Lou. Achava o maior dos absurdos sua coabitação com Rée. Nietzsche sofria com tudo isso, mas acabou juntando-se à irmã. Tudo isso não afectou Lou, que não revidou aos ataques sofridos, permanecendo silenciosa e independente. Lou e Rée viveram juntos em Berlim, depois de uma temporada em Paris, por cinco anos. Sempre como irmãos. Foram bons anos para Lou e Rée. Ela encontrou no amigo um companheiro "de uma nobreza de alma absolutamente única". Os amigos brincavam que Rée era a dama de companhia de Lou. O temperamento alegre da amiga reflectiu em Rée, que mostrava-se menos atormentado e mais confiante. Foi nessa época que começou seu sucesso como escritora, com o livro "Uma luta por Deus", o qual assinou como Henri Lou.


Lou tinha 26 anos quando conheceu o professor de língua persa Carl Andreas, quinze anos mais velho. Para espanto de todos, o casamento aconteceu em junho de 1887. Lou sentiu-se na obrigação de aceitar o segundo pedido de casamento, após uma tentativa de suicídio de Andreas. Mas, foi um casamento estranho, que de facto nunca se concretizou. O acordo entre os dois previa que Andreas não faria valer seus "direitos" de marido. Nunca houve contacto físico. Além disso, Andreas deveria respeitar a liberdade da esposa e ficou acertado que as relações entre Lou e Rée não mudariam.Apesar de Rée aparentemente ter concordado com a situação, um profundo mal estar surgiu. Rée, então, decidiu mudar-se de Berlim."A noite em que ele me deixou se inscreveu em letras de fogo na minha memória. Ele partiu muito tarde, voltou ao cabo de alguns minutos porque chovia muito. Depois de algum tempo ele partiu de novo, mas não tardou em voltar para apanhar um livro. Quando se foi, a aurora rompia. Olhei para fora e me surpreendi: a rua estava seca e pálidas estrelas rareavam num céu sem nuvem. Afastando-me da janela, vi, à luz da lâmpada, uma pequena fotografia de mim criança, que pertencia a Paul Rée. Ela estava colocada num pedaço de papel dobrado onde li: Tem piedade, não procura."
Lou, um ano depois da partida do amigo, registrou em seu diário sobre a falta que Rée lhe fazia. Sonhava sempre com ele e chorava.

"Às vezes acontece que os meus gestos ou as minhas palavras se assemelham aos teus – sem o querer, por acaso – sinto sempre nesses momentos que me és querido. Lembro-me que um dia, a meio de uma briga me disseste com um misto de bondade e ironia: "se nós brigássemos de verdade e anos depois por acaso a gente se encontrasse – que felicidade seria para os dois!" E teus olhos se encheram de lágrimas. Penso muito nisso actualmente e me digo: Sim, sim."

Nos primeiros anos de casada, Lou escreveu Personagens femininos de Ibsen. Na introdução, ela contou a história de patos selvagens, que ignoravam o que seria o mundo fora do ambiente em que foram criados – um sótão. No outono, um deles sentiu que a natureza o chamava e partiu. Outro, conformado, vivia a sonhar. Um terceiro, que havia chegado ao sótão ferido, renunciou à liberdade anterior. Um quarto pato selvagem morreu de remorso por ter maltratado os outros. Outro, diante da possibilidade de fuga, terminou renunciando a ela. O sexto, não teve coragem de ir definitivamente, mas não se conformava com o confinamento, representando talvez a própria autora. Após o sucesso desse livro, Lou começou a escrever com mais frequência. Em 1894 escreveu Friedrich Nietzsche em sua obra e, em 1895, o romance Ruth.Também em 1895, Lou conheceu o médico vienense Friedrich Pineles, que tinha então 27 anos. Pelo que parece, este foi o homem que desvirginou Lou. Essa ligação durou cerca de doze anos. Toda vez que Lou ia a Viena, hospedava-se na casa de Pineles. Este insistia sempre em que ela pedisse o divórcio para que pudessem realizar o casamento. Em maio de 1897, Lou foi apresentada ao poeta René-Marie Rilke, quatorze anos mais jovem que ela. No dia seguinte, ele escreveu um bilhete, contando que era o autor de poemas anónimos que Lou estava recebendo e que considerava que a havia conhecido meses antes da noite anterior, quando leu o ensaio escrito por ela, chamado Jesus o judeu. Pediu, então, para conhecê-la melhor. Nos dias que se seguiram, Rilke continuou assediando Lou, através de cartas, telegramas e bilhetes.
"Ontem ao meio-dia havia bastante sol para dourar todo um reino – mesmo um reino pobre e não muito pequeno. Mas o ouro apenas não basta. Eu estava muito triste. Errei, algumas rosas na mão, pela cidade e à entrada do jardim inglês, para lhe oferecer estas rosas. Sim, em vez de as depositar diante da porta de chave dourada, carreguei-as comigo por toda a parte, tremendo com a necessidade de encontrá-la em algum lugar. Entretanto, foi mais ou menos quando se joga uma carta ao mar, para que as vagas a conduzam até as margens do amigo para quem se destinou. A carta está certa de se perder ao largo e afundar. O mesmo com minhas rosas. Ao meio-dia, quando abandonei estas buscas e vi o rosto triste das pálidas flores, a angústia dolorosa da solidão me invadiu."
A abundante correspondência entre os dois só terminou com a morte de Rilke: 134 cartas e bilhetes de Rilke e 65 de Lou. A passagem de Lou na vida de Rilke foi de fundamental importância para o crescimento do poeta – ela lhe ensinou a buscar a essência das coisas. E Lou, pela primeira vez em sua vida, encontrou um homem que a atraía intelectualmente e fisicamente.

Algumas semanas depois do primeiro encontro, alugaram uma casinha nos arredores de Berlim. Logo depois se mudaram para uma espécie de granja, numa colina, em Wolfratshausen. Ficaram ali durante o verão e receberam Andreas no outono. Enquanto este passava horas trancado no quarto estudando, Lou e Rilke passeavam pela floresta, discutindo os projetos de vida. Foi Lou quem decidiu que o nome René-Marie era muito feminino, mudando-o para Rainer Maria. Em abril de 1899 Lou, Andreas e Rilke foram para a Rússia. Passaram uma semana em Moscou, onde foram recebidos por Tolstoi durante duas horas. Depois, dirigiram-se para São Petersburgo, onde Rilke conheceu a família de Lou. A redescoberta do país natal ao lado do homem amado fizeram com que Lou desabrochasse por completo: "Hoje posso ser o que os outros são aos dezoito anos, hoje posso ser eu mesma". Quanto a Rilke, começou a produzir de modo intenso.
Depois de dois meses, o trio retornou para a Alemanha. Mas, a experiência da viagem foi tão marcante, que nova viagem à Rússia aconteceu um ano depois, desta vez sem a presença de Andreas. Rilke sentiu o amor pelo país de Lou mais vivo. Reencontraram Tolstoi, mas desta vez este mostrou-se distante, inclusive criticando negativamente a poesia. Atravessaram o país, vendo paisagens encantadoras. Eram recebidos por camponeses, que davam lições de simplicidade, absorvidas com prazer por ambos. Tentaram rever a família de Lou em São Petersburgo, mas estavam na residência de verão, na Finlândia. Lou decidiu partir para a Alemanha e deixou Rilke sozinho na cidade natal. Na verdade, Lou estava um pouco apreensiva com os estranhos acessos de depressão e exaltação de Rilke. Sentia que o poeta deveria conquistar sozinho o domínio de si mesmo.Longe de Lou, Rilke resolveu passar algumas semanas na casa de um amigo. Foi quando conheceu Clara Westhoff, uma escultora aluna de Rodin. Ele a pediu em casamento, surpreendendo Lou, que lhe escreveu uma carta alguns dias antes das núpcias. "Agora que tudo é sol e calma ao redor de mim e que o fruto da vida conquistou sua redondeza madura e doce, a lembrança que nos é certamente ainda cara a nós dois daquele dia de Waltershausen, em que vim a ti como uma mãe, me impõe uma última obrigação (...) Se te aventuras livre no desconhecido só serás responsável por ti mesmo".
Pouco depois, recebeu o seguinte poema escrito por Rilke:
"Permaneço no escuro como um cego
Porque meus olhos não te encontram mais
A faina turva dos dias para mim não é mais que uma cortina que te dissimula.
Olho-a, esperando que se erga esta cortina atrás da qual há minha vida a substância e a própria lei da minha vida e, apesar disso, minha morte.
Tu me abraçavas, não por desrazão mas como a mão do oleiro contra o barro
A mão que tem poder de criação.
Ela sonhava de algum modo modelar – depois se cansou, se afrouxou deixou-me cair e me quebrei.
Eras para mim a mais maternal das mulheres, eras um amigo como são os homens, eras, a te olhar, mulher realmente, mas também, muitas vezes, criança.
Eras o que conheci de mais terno e mais duro com que tenho lutado.
Eras a altura que me abençoou – te fizeste abismo e naufraguei."

Rilke casou-se com Clara em março de 1901, facto que não interrompeu a correspondência com Lou. Escrevia sempre, contando as alegrias e tristezas, aconselhando-se, buscando apoio, enviando poemas para críticas. "Ninguém me conhece como tu", escrevia Rilke. O poeta amadurecia, mas o homem permanecia carente de conselhos e protecção.No mesmo ano do casamento de Rilke, aconteceu a morte de Paul Rée – uma morte com a qual Lou sofreu pelo resto da vida, sentindo-se de certa forma responsável, pois pairava a suspeita de suicídio. Pineles, consultado sobre o abatimento de Lou, recomendou-lhe repouso e passeios. Foram juntos para o Tirol, onde Lou descobriu-se grávida. Pineles decidiu contar para Andreas, desejando que ele concedesse o divórcio. Lou não permitiu, alegando que Andreas poderia atentar contra a vida do médico. Mas, a gravidez foi interrompida como conseqüência de uma queda sofrida por Lou ao colher maçãs. Foi o início do enfraquecimento da relação entre os dois, a qual durou alguns anos mais.
Essas experiências levaram Lou a reflectir sobre o amor e o sexo.

Ela publicou em 1902 um livro de contos, Na zona crepuscular e em 1910 o ensaio denominado "O erotismo." Na base do erotismo está a sexualidade, lembra Lou, e ela é uma forma de necessidade física, como a fome, a sede ou qualquer outra forma de manifestação de vida de nosso corpo. Como ainda se conhece pouco – não esqueçamos que o artigo é de 1910 – parte do mecanismo que a produz, isto é, as glândulas de secreção interna, não podemos nos dar conta da influência da sexualidade sobre a totalidade do indivíduo, mesmo quando a actividade sexual dirigida para o exterior desaparece, como, e Lou cita exemplos, quando se elimina a matriz ou o membro viril e nesses casos os ovários e testículos permanecem, fazendo com que não desapareçam os caracteres sexuais secundários. A pulsão sexual pode ser um elemento de estímulo na totalidade da vida dos sentidos, escreve Lou, lembrando o caso de jovens doentes para os quais a experiência da sexualidade foi factor de cura, ou de moças anémicas que desabrocharam, mesmo num casamento não desejado, adquirindo forças sob a influência de modificações em seu metabolismo."


Durante a primeira grande guerra, Lou estava na Alemanha, ao lado de Andreas. Dificuldades financeiras, notícias de mortes de parentes e amigos, acontecimentos tristes... Embora perturbada, Lou conservava seu característico optimismo, o qual Freud tanto admirava.

A Revolução de Outubro de 1917 fez com que Lou perdesse a pensão que recebia do governo russo, por ser filha de general, que a ajudou a manter-se durante tantos anos. Soube que a família foi obrigada a compartilhar a residência com os empregados. Essas novas experiências pelas quais passava o país natal fizeram nascer em Lou a nostalgia, que ela retratou no livro escrito em 1923 – Rodinka (A pequena pátria), dedicado a Anna Freud. Os anos foram passando e Lou foi dividindo o seu tempo entre congressos, reuniões sobre psicanálise e seus pacientes, além de escrever artigos para revistas especializadas.

Em 1928, dois anos após a morte de Rilke, ela escreveu a biografia do poeta. Em 1931, tornou pública sua gratidão para com Freud, publicando o livro Carta aberta a Freud,
quando este completava 75 anos. Nesse livro, através de uma suposta conversa com o amigo, ela contou suas experiências como analista e abordou questões colocadas pela psicanálise.
Andreas morreu ao 85 anos e Lou começou a sofrer de diabetes. Ela presenciou a Alemanha enlouquecendo com as idéias de Hitler, que não simpatizava com Freud.

Os amigos aconselharam-na em vão a mudar-se do país. Com problemas de visão, consequência do agravamento do diabetes, pediu ajuda ao amigo fiel da última fase da vida, Ernest Pfeiffer. Entregou a ele todos os seus papéis e correspondência para que os publicasse postumamente. Na noite de 5 de fevereiro de 1937, morreu durante o sono. Foi cremada e suas cinzas foram depositadas no túmulo de Andreas .

Dias depois da morte, a Gestapo confiscou seus livros e papéis, por considerar a psicanálise um ciência judaica.Postumamente, Ernest Pfeiffer publicou quatro livros de Lou, incluindo a autobiografia intitulada Revendo minha vida.
IM:Blogue Lou Salomé